sábado, 21 de março de 2009

Psycho-Love

Existe uma lei natural, que é do conhecimento de todos, que diz que em todo casal, existe um indivíduo que se doa mais que o outro. Seja na relação que for. No caso de mãe-filho, ou a mãe é mais afastada, mais relapsa, ou filho mais rebelde, menos preocupado. Na relação entre amigos, há sempre aquele que considera mais, que se abre mais. Na relação homem-mulher (tratando-se, no caso, de uma relação heterossexual, já que é a minha orientação), acontece o mesmo. Vejo, nitidamente em todos os casais, que sempre há um lado que se doa mais, que acredita mais, que se deixa levar mais pelo amor platônico (relativo à Platão, amor idealizado), que vive mais intensamente. Eu sempre tive esperança de encontrar um relacionamento, que enfim não fosse assim. Que eu pudesse fazer inúmeras declarações apaixonadas, melosas, de entrega, e receber de pronto coisas iguais! Não digo nem melhores, porque assim estaria contradizendo o que acabei de dizer, que busquei, por toda a vida, uma relação igualitária em termos de sentimento. Sem bem que, minhas amigas sempre disseram que, no caso de um dos dois ter que amar mais (como eu já citei que é quase lei), que seja o homem, pois são eles que sempre sofrem menos ao final de uma relação, ou durante uma briga. Portanto, passei a vida toda me entregando pouco (raras foram as exceções), e fazendo com que eles sempre me amassem mais do que eu a eles. Não sei o que acontece comigo, que começo a me entregar, me jogar de cabeça, e aí acontece alguma coisa, por mais boba, banal, passageira, irrelevante que seja, e me faz frear. Começo então a pensar "será que devo mesmo me entregar tanto?!", "será que assim não o afasto, não o coloco mais distante de mim?"... E essas questões rodam e rodam na minha mente. E volto sempre à estaca zero, ao nada. Eu juro que, mesmo depois de tantos relacionamentos que vivi, e tantos outros que acompanhei, ainda não sei como agir quando, acabo me apaixonando de verdade. Por isso, sempre encarei o amor, como uma maldição, ainda que almejasse vivê-lo. Porque não é possível que algo que nos sugue tudo, nos leve aquilo de mais sensato que temos dentro de nós, nos faça loucos, psicóticos e controladores, seja algo bom. Eu passo todos os meus dias tentando controlar os impulsos de uma mulher apaixonada. O ciúme, o medo, a psicopatia... Talvez pareça exagero, mas eu juro que tento fugir. Me esquivo ao máximo de todos esses sentimentos doentios, porque jamais quero que eles venham a me atingir. Em resumo, me sinto injustiçada, tendo que amar mais, ou pelo menos sentindo que amo mais do que sou amada, e isso se chama insegurança... Outro sentimento ridículo, que odeio possuir.

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